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Um minuto exacto, o que em termos de alta competição é muito significativo, foi a margem pela qual caiu hoje o recorde feminino do percurso da Meia Maratona do Porto Sport Zone, que cumpriu a sua 11ª edição.
A queniana Monica Jepkoech, detentora do segundo melhor recorde pessoal à partida para os clássicos 21097m, conseguiu ser a mais forte num final bastante apertado para se impor com 69m23s, superando por essa margem de sessenta segundos o tempo feito em 2012 pela sua compatriota Alice Mogire, com 70m23s. Mais ainda, este feito foi abrilhantado pelo facto de ela ter repetido o triunfo que aqui alcançara em 2015, então a apenas três segundos do melhor da prova, com 70m26s. Os fundistas quenianos, elas e eles, dominaram a cem porcento o evento, nas mulheres ficaram com os quatro primeiros lugares, nos homens com todo o top-ten, nem mais nem menos.
Num belíssimo dia de fim de Verão, com céu totalmente aberto, sol resplandecente, com temperatura muito agradável para a corrida, tanto para a elite como para os atletas de pelotão, e sem vento, a 11ª Meia Maratona do Porto Sport Zone foi uma vez mais uma bela festa de movimento e cor, com perto de 11 mil pessoas à partida para as várias vertentes do evento.
Voltando à corrida feminina, era nela que se esperava uma melhor presença portuguesa, comparativamente com a masculina, e de facto tal aconteceu, apesar da desistência de Sara Moreira, um dos cabeças de cartaz do evento, ocorrida no início da segunda metade da prova. Sara não pôde, portanto, reeditar o pódio obtido em 2015, apenas atrás da vencedora de hoje, Monica Jepkoech. Ainda assim, Carla Salomé Rocha conseguiu a sexta posição, com 74m45s, seguida por Ana Mafalda Ferreira, Sporting C. P. (74m59s) e por Vera Nunes (S. L. Benfica -75m12s), terminando depois a também benfiquista Mónica Silva em décima (75m59s), Doroteia Peixoto (Amigos da Montanha) em 11ª (67m03s) e Solange Jesus (Sporting C. P.) em 14ª (80m44s). De entre as portuguesas foi mesmo Ana Mafalda Ferreira quem esteve mais bem posicionada numa fase inicial, com Carla Salomé Rocha prudente então (28m11s e 28m26s, respectivamente, aos 8 km), mas esta recuperou paulatinamente e aos 15 km (53m00s) já tinha quatro segundos à maior sobre a sportinguista e 27 segundos sobre Vera Nunes, para depois ir aumentado a sua vantagem, apesar da boa réplica de Mafalda.
Este mini campeonato nacional foi, porém, de facto outro campeonato em relação ao das melhores. Em rigor, houve dois campeonatos acima, se assim se quiser figurar a questão, aquele que envolveu as duas primeiras e o outro, que decidiu os lugares até Salomé Rocha.
No que respeita à disputa do primeiro lugar foi Vivian Kiplagat quem teve vantagem de início, e larga, com 16 segundos à maior sobre Monica Jepkoech aos 8 km (25m33s conta 25m49s), mas aos 15 km (49m09s) já seguiam juntas e com quase dois minutos de separação face às imediatas, para no final Mónica se vir a impor, por três segundos, já que Kiplagat terminou com 69m26s – significando isto que a barreira dos 70 minutos caiu na Meia do Porto não só para uma, como para duas atletas. Duas outras quenianas vieram a seguir, Antonina Kwambai, fechando o pódio com 71m52s, e Jackline Adodonyang ficando a seguir com 72m30s (recorde pessoal por quase quatro minutos), ambas adiante da melhor não africana, a japonesa Ayano Ikemitsu (quinta, 73m20s). O Japão havia ganho a edição de 2016, graças a Naki Isaka.
Monica Jepkoech, de 32 anos de idade, obteve desta maneira o segundo melhor registo da sua carreira. Só a marca de 69m12s, conseguida em Lille, França, a 9 de Setembro de 2012, supera a de 69m23s de hoje. Depois, tem mais dois registos a menos de 70 minutos, ambos obtidos em Paris, com 69m32s em Março de 2013 e 69m44s exactamente um ano mais tarde. Na maratona é detentora de um bom recorde pessoal, de 2h27m26s, conseguido em Toronto, no Canadá em 2015, logo depois de ter ganho a Meia Maratona do Porto Sport Zone.
A corrida masculina foi deveras espectacular, tanto pela sua qualidade como pelo seu equilíbrio. Abraham Kiptum, Marius Kimutai e Leonard Langat estiveram sempre juntos na frente, com 22m31s aos 8 km e 42m53s aos 15 km, e inicialmente foram acompanhados por Thomas Rono, que entretanto viria a ceder mais para diante, passando aos 15 km já a 14 segundos.
Depois foi mesmo o tudo por tudo, ficando os três na meta separados por dois segundos. Abraham Kiptum seria o vencedor, com 60m06s, Marius Kimutai ficou a seguir com 60m07s e Leonard Langat fechou o pódio, com 60m08s; ainda outro queniano, Thomas Rono, acabou a menos de 61 minutos, em quarto com 60m54s, para um resultado global de grande expressão nesta 11ª Meia Sport Zone.
Uma vez mais, os atletas com mais currículo noutras provas clássicas não conseguiram singrar, já que Matthew Kisorio, o terceiro semi-maratonista mais rápido de sempre, foi apenas sexto (61m28s), Vincent Chepkok sétimo (62m42s) e Emmanuel Mutai, o quarto melhor maratonista de todos os tempos, oitavo ex-aequo com Martin Kosgei, com 63m06s.
Abraham Kiptum, de 28 anos, obteve o segundo melhor registo da sua carreira, só superado pelo recorde pessoal de 59m36s, feito em Copenhaga, em 18 de Setembro do ano passado. Aliás, esse foi o seu primeiro ano na distância, pelo que decerto estamos em presença de um fundista de enorme potencial. Já Marius Kimutai é mais conhecido como maratonista, detendo um máximo pessoal de 2h05m47s, graças ao terceiro lugar na corrida de Amesterdão do ano passado, e este ano já ganhou a famosa maratona de Roterdão, com 2h06m04s. O seu tempo de hoje constitui um máximo pessoal na meia distância por larga margem.
Leonard Langat, por seu lado, confirmou de maneira enfática o recorde pessoal obtido o ano transacto na meia maratona entre Roma e Ostia, com 59m18s.
Quanto aos melhores fundistas portugueses, nesta ocasião fizeram a corrida juntos e José Moreira (Sporting C. P.) acabou em 14º (67m14s), Miguel Ribeiro (Olímpico Vianense – 67m16s) e Daniel Pinheiro (Maia A. C. - 67m20s) ficaram imediatamente a seguir.
Já agora, o melhor não queniano acabou por ser o japonês Noya Takahashi, em 11º com 64m23s.
Tudo conjugado, a 11ª edição da Meia Maratona do Porto Sport Zone cumpriu as promessas e foi um grande espectáculo pontuado por resultados de nível mundial.